19/05/2016

Sérgio Moro julgará acusações contra AD Brás e Samuel Ferreira

A Assembleia de Deus no Brás, do Ministério Madureira, está no radar da Operação Lava Jato, assim como seu pastor presidente, Samuel Ferreira.
Na última quinta-feira, 12 de maio, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a decisão do ministro Teori Zavascki de remeter para o juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara de Curitiba (PR), as investigações sobre a suspeita de lavagem de dinheiro para o deputado federal suspenso Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara dos Deputados.
Dentre os investigados estão a AD Brás e o pastor Samuel Ferreira, segundo informações do jornal O Dia. O STF rejeitou o argumento da defesa da denominação, que alegava que o caso deveria ser avaliado pela Justiça Federal em São Paulo, já que é na cidade que a igreja está sediada.
investigação contra a AD Brás e Ferreira aponta que Cunha teria usado a igreja para movimentar parte dos US$ 5 milhões que o deputado teria recebido em propina no negócio em que a Petrobras contratou dois navios-sonda.
O procurador-geral Rodrigo Janot detalhou, na ação, as negociações entre Cunha e o lobista Fernando Falcão Soares, o Baiano, que foi operador do PMDB no petrolão e assinou acordo de delação premiada com a Lava Jato, permitindo o aprofundamento das investigações.
Janot apontou que outro lobista, Julio Camargo, foi orientado por Cunha a fazer “doações” para a AD Brás como forma de repassar os valores da propina. Durante as investigações, a Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República (PGR) identificaram duas transferências bancárias em agosto de 2012 feitas por empresas de Camargo para uma filial da denominação em Campinas, somando R$ 250 mil, e justificada falsamente como “pagamento a fornecedores”.
“Não há dúvidas de que referidas transferências foram feitas por indicação de Cunha para pagar parte do valor da propina referente às sondas”, afirmou Janot.
A defesa do pastor Samuel Ferreira está sendo feita pelo criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay. O advogado afirmou considerar um exagero a abertura de inquérito para investigar as relações de Cunha com a denominação: “Bastaria ter mandado um ofício para que o pastor Samuel justificasse a doação. Evidentemente, ele não sabia a origem desse dinheiro. São feitas doações pelo Brasil todo”, declarou Kakay.




Pastor investigado na Lava Jato recebe passaporte diplomático
Pastor investigado na Lava Jato recebe passaporte diplomático
Atual ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP) autorizou que o pastor Samuel Cassio Ferreira, da Assembleia de Deus, receba um passaporte diplomático com validade de três anos. Publicada na edição desta quarta do Diário Oficial da União, essa concessão do documento não é prevista no decreto 5.978, de 2006, que regulamenta sua emissão.
A justificativa do Itamaraty é que dirigentes de denominações religiosas podem ter esse passaporte “em função do interesse do país”. Historicamente cardeais da Igreja Católica sempre receberam passaporte diplomático.
Aplicou-se no caso de Samuel o princípio da isonomia. Apesar disso, ao assumir Serra determinou que seja feita uma “reavaliação” da política de concessão de passaportes diplomáticos.
Essa prática foi criada durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2011, seguindo o artigo sexto do decreto, fixou-se o limite de dois passaportes por denominação religiosa. Basicamente, o passaporte diplomático oferece facilidade na fila de imigração e em alguns casos, isenção de visto para viagens de curta duração. Ele não dá direito a privilégio ou imunidade nem Brasil nem no exterior.
Samuel Cassio Ferreira é o filho caçula de Manoel Ferreira, presidente da Assembleia de Deus Ministério Madureira. Teve seu nome ligado ao presidente afastado da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) durante as investigações da Operação Lava Jato.
Ele teria utilizado a AD Madureira de Campinas (SP) que, segundo a Procuradoria Geral da República, recebeu depósitos no valor de R$ 250 mil. A investigação é se a igreja foi usada para lavar dinheiro oriundo de propina paga a Cunha.
A Confederação dos Advogados do Brasil pediu ao Supremo Tribunal Federal que Samuel Ferreira fosse investigado juntamente com Cunha. O pedido foi negado pelo ministro Teori Zavascki e posteriormente a decisão foi mantida pela Segunda Turma do STF. Seguindo recomendação de Janot, o pedido de investigação sobre o pastor está sendo analisado pelo juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal em Curitiba. Com informações G1