Moldado
Isaías 64:1-8
1. Oh! Se fendesses os céus, e
descesses, e os montes se escoassem de diante da tua face,
2. Como o fogo abrasador de
fundição, fogo que faz ferver as águas, para fazeres notório o teu nome aos
teus adversários, e assim as nações tremessem da tua presença!
3. Quando fazias coisas
terríveis, que nunca esperávamos, descias, e os montes se escoavam diante da
tua face.
4. Porque desde a antiguidade não
se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de
ti que trabalha para aquele que nele espera.
5. Saíste ao encontro daquele que
se alegrava e praticava justiça e dos que se lembram de ti nos teus caminhos;
eis que te iraste, porque pecamos; neles há eternidade, para que sejamos
salvos?
6. Mas todos nós somos como o
imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós
murchamos como a folha, e as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.
7. E já ninguém há que invoque o
teu nome, que se desperte, e te detenhas; porque escondes de nós o teu rosto, e
nos fazes derreter, por causa das nossas iniquidades.
8. Mas agora, ó Senhor, tu és
nosso Pai; nós o barro e tu o nosso oleiro; e todos nós a obra das tuas mãos.
O profeta Isaías
teve experiências marcantes com o Senhor. No sexto capítulo de seu livro lemos
sobre a revelação de Deus ao profeta, que provavelmente andava triste e
desanimado com a situação de seu povo. A visão de Deus e a conversa com ele
serviram para preparar Isaías para os desafios que enfrentaria como profeta.
Ele pôde perceber claramente a santidade de Deus, o pecado humano, a
necessidade de purificação e a disposição ao serviço. Em meio ao luto pela
morte de seu rei, a nação de Judá estava na iminência de sérios conflitos com o
Império Assírio. Isaías desejava, como nunca antes na vida, um tempo de paz.
Mas para isso era preciso haver dedicação, esforço, disposição, paciência,
coragem e esperança. Para viver em paz é necessário admitir e querer ser
moldado por Deus ( deixar que ele trabalhe em nossa vida). No texto de Isaías,
o profeta tem outra experiência maravilhosa com Deus. Agora Deus revela o
trabalho do oleiro. Nós, criaturas suas, somos a matéria-prima. Deus é o
Supremo Artista que cria e molda conforme a sua vontade, a fim de que possamos
perceber a paz entre nós e servi-lo com dedicação. Somos barro – o elemento
básico da constituição do ser humano. Deus molda a nossa vida assim como o
oleiro molda o barro, a fim de chegar à sua obra de arte.
Mas
para tanto, para se tornar valioso, o barro precisa ser modificado, esmagado,
apertado, perder alguns pedaços, assumir uma forma definida e, finalmente, ser
levado ao fogo. Esse processo pode ser, em alguns momentos, doloroso. Mas é
preciso saber que a dor não se faz presente pelo fato de Deus ser malvado ou
vingativo, mas porque a nossa justiça própria sempre nos desvia do correto e
eficaz caminho apresentado pela Palavra de Deus. Ser moldado, por isso, pode
significar sofrimento. Mas certamente o resultado é gratificante e abençoador.